O Manuel pertence ao mundo concreto e é feliz. Levanta-se todos os dias porque verifica que o sol nasceu e isso é suficiente. Vai trabalhar para a fábrica e realiza uma movimeto repetitivo todos os dias desde os 15 anos. A sua máxima aspiração é ser capaz de fazer parte da direcção da banda onde toca um instrumento: clarinete.
A Maria pertence ao mundo das ideias mas chafurda no mundo concreto. Não é feliz porque é indiferente ao sol e onde trabalha há ideias que se repetem todos os anos. Embrutece os sentidos e tenta acomodar-se. A sua máxima aspiração é casar com um fulano do mundo das ideias e viverem apartados do mundo, num mundo idílico até ao fim dos seus dias. Tem amigos mas não lhe chega a sua relação. Aspira a uma realização plena no corpo de outro homem.
Vivem afastados pela impossibilidade de se cruzarem no mundo das ideias. Ele ama-a desesperadamente e ela vê-o com indiferença. Num mundo idílico não há lugar para o concreto. Todos os pensamentos se evolam em fumos de cigarros que não chegam ao fim. São atirados para o meio da rua ainda fumegantes e nunca se encontram. Talvez em sonhos.