Acordei cedo e bem disposta como já não acontecia há muito tempo. O dia estava esplêndido.
Inspirei a brisa fresca e matinal e senti o ar expandir-se livremente em mim. Sentia-me solta, leve, cintilante como os raios de luz que atravessavam o amanhecer e me chegavam difusos.
Mais tarde, depois da viajem, o sol revelou-se abrasador. Vesti o fato de banho e dirigi-me para a ribeira onde a água é sempre transparente, cristalina, gelada.
O sol transforma os meus gestos em sombras lentas. Ao longe as fragas lisas. Olho. Invade-me o desejo de me deitar sobre elas. O meu corpo sobre o fogo da pedra. O calor a invadir-me a pele e a obrigar-me desejar a água transparente, cristalina e gelada. De repente, levanto-me e avanço. O cheiro. Sim, o cheiro da erva, o cheiro da água, o cheiro da frescura por antecipação. O som. A cascata de água que pesa sobre o lago que se forma na corrente da ribeira. O fragor. A erosão lenta mas segura. O frio, a rocha, o peso da cascata, o cheiro da erva molhada, o sol abrasador.
Lentamente, avanço e mergulho nas águas.
31/7/02