Sábado, 19 de Julho de 2008
Do caminho
Era um caminho muito longo, tão longo quanto a vista alcança. O caminho era calcetado e nas reentrâncias eram visíveis as ervas e as plantas que soltas enchiam os interstícios. No caminho longo bordejavam árvores de fruto e outras sempre verdes. O caminho era protegido pelas sombras frescas e um certo ar de mistério pairava no ar.
A princesa aventurou-se àquela hora do dia, disfarçou-se de rapariguinha do povo porque queria passear sem ser reconhecida, o sol ia alto e as aves recolhiam baloiçando-se nos ramos verdes. A princesa trigueira caminhava despreocupada quando encontrou um homem de chapéu de coco.
«Onde vais linda menina?» perguntou ele.
«Vou ao longo do caminho observar o fim»
«Então caminho contigo, pelo meio» observou o homem de chapéu de coco.
E começaram a caminhar lado a lado em silêncio, procurando o fim pelo meio.
As sombras do final de tarde povoaram o caminho, as giestas da berma pareciam gnomos ávidos de beleza, tudo o que há de obscuro no mundo assaltou o caminho da princesa, rosáceas espinhosas estenderam-se mesmo para o caminho rasgando o vestido da princesa, e o homem de chapéu de coco não deixou de escapar uma exclamação: «como és gostosa jovem princesa! Carne fresca para as minhas unhas». Foi então que sob a penumbra dos caminhos ermos a princesa reparou nas unhas grandes do homem de chapéu de coco. «Qual é o fim deste caminho?», soluçou a princesa. Os olhos do homem de chapéu de coco brilharam. Levantou as mãos à altura da garganta da princesa e enterrou as unhas com um prazer desesperado.
Dizem que nesse caminho nasceu uma roseira de belas rosas encarnadas recordando o sangue derramado.
O homem de chapéu de coco, esse, esfumou-se na paisagem.
Conto de Lac Rosa
(Agora vou)
Quarta-feira, 9 de Julho de 2008
Sons do vento 38
Sábado, 5 de Julho de 2008
Da cegueira 3
Os clubes da floresta estão instituídos em muitas escolas e são fonte de prazer e aprender para muitos miúdos. Um Projecto de implantação nacional e regional que encanta que nele se envolve.
Olhamos agora para o Verão e vemos que os incêndios pululam e fazem arder hectares e hectares de floresta. Os donos da maior parte dessas florestas são negligentes, não limpam as matas, delas nada extraem, delas não querem saber. O autismo das populações associados ao autismo das autoridades provoca uma devassidão dos matos e das árvores todos os anos.
Ensinar a respeitar e amar a floresta pode ser o primeiro passo para mudar este estado de coisas.
Digo eu que sou cega e não sei o que digo. Tacteio apenas.