Hoje a minorca pede-me para falar de animais voadores e depois lembra-se da cegonha.(Ciconia sp.).
Aves migradoras, acampando em descampados, junto de cursos de água alimentam-se de pequenos vertebrados. Mas é sobretudo a visão dos seus ninhos tão perto de nós, tão intimamente ligadas a nós, que encanta. Os ovos e a permissão de acompanharmos a evolução dos jovens, fizeram entrar a cegonha no nosso imaginário: são elas que trazem os bebés para dentro do casal e fornecem irmão aos mais pequenos.
Aves de um metro de altura, uma envergadura invejável quando planam e voam sob os céus. Talvez uma das imagens mais românticas que retenho das terras do Sul seja o voo de uma cegonha ao sol poente; ou aquela outra vez num vale, ali no Ribatejo, em que as cegonhas repousando sobre uma árvore se destacavam no sol poente como sombras escuras.
Com a devida vénia IMG
" Eu faço uns desenhos que são rostos e faço-os com uma grande espontaneidade: são automáticos e confluentes, quer dizer, não estou a pensar se faço uma linha, que vou fazer aquela linha: depois é que sai o meu trabalho - e por isso é que eu faço em segundos um desenho."
António R. Rosa, in entrevista concedida a Patrícia Valinho, 20/11/96
O que é um grupo? Um conjunto de pessoas que reflecte afinidades. O grupo repele a diferença. O grupo fecha-se entre cumplicidades. O grupo apoia os seus. O grupo é liderado por quem grita mais e mais se impõe. O grupo é um bando.
O grupo é flexível e maduro quando é tolerante e vive de lideranças naturais que são consensuais e resultam de mobilização voluntária. Um grupo de gente madura protege mas critica construtivamente. Um grupo de gente madura apoia e sustenta, alimenta, veste e faz crescer que dele se aproxima.
Lentamente, construindo um grupo de gente que se respeite, que discuta sem ofender, que partilhe alimentos e haveres, que construa em vez de destruir. Ás vezes a tarefa parece hercúlea.
Era uma vez uma formiguinha no meio de uma tempestade…mas a formiguinha não deixava de trabalhar…
Era uma vez um casal que vivia numa floresta, à beira de um regato.Trabalhavam todo o dia fora de casa e só se viam ao fim do dia.
«Oi, que jantamos?» pergunta ele
«Atum com salada» responde ela
E assim, deprimidos e sem alegria seguiam o curso dos seus dias.
Um dia a mulher conheceu um homem da cidade.
«Oi, és linda!» disse ele.
Ela sorriu
Chegou a casa e resolveu declarar-se independente.
«Vou viver para a cidade» anuncia ao atónito marido.
«Vais se eu deixar» responde ele «pensas que és o Kosovo ou quê?»
«Bem, vou meter uma cunha ao Bush» pensa a mulher. E abalou.
Entro e logo lhes abro a porta: começa logo a formatura: todos calados e tranquilos. Sentam-se em silêncio, risos últimos são abafados, o caderno, o sumário, a concentração.
Então, quando todos se aquietam logo lhe digo em tom calmo e prazenteiro o conteúdo da lição: sussurro-lhes a matéria, explico a sua importância, faço ligações com matérias anteriores, obtenho a sua cumplicidade e predisponho-os para a novidade. E é já com ritmo que começam a ouvir-me, rendidos aos volteios da história que na sua frente se desenrola. Mais cor, tom firme, rabiscos aqui e ali, pergunta para acolá, o tempo voa interrompido por pequenos tempos aparentemente mortos onde a reflexão ou o mecanismo automático tomam lugar.
Às vezes apenas exercícios e o tom feliz de quem tentou e conseguiu. Por vezes o tom de lamúria de quem quer navegar na manhã de sol que se espraia pela serra fora. Por vezes a impaciência de chegar ao aconchego doméstico.
Ás vezes, apenas, permanecer.
Outras voar.