Esperança era o seu nome. Morreu já e viverá talvez na memória dos sobrinhos.
De nova o seu nome foi seu destino e acreditou encontrar um príncipe encantado que a tirasse da miséria e do provincianismo. Esmerou-se na arte doméstica, praticou a bondade,impecável nos modos. Viveu em espera eterna. Ainda vive. Morreu.
De repente a Natureza é generosa e as maçãs e os figos explodem na árvore.
Dizem que é Verão, o tempo de colher o fruto.
Mas o Inverno investe quando a abundância se transforma em desperdício e
os frutos apodrecem na árvore.
Apetece-me comê-los, rapiná-los mas,
o cão guarda o pomar
Frédéric, Léon | The Lake; the Sleeping Water, 1897-98 |
Mergulho profundamente na noite sem sonhos, sem luz, num deserto que não conheço. Ausência, morte, negação, negrume.
Onde os sonhos de luz? Onde os céus coloridos da noite?
De manhã,
acordo profundamente cansada.
Por breves instantes, volto a deitar-me para descansar da noite.
O consumismo acéfalo põe-me doente. Não concebo comprar desenfreadamente sem ter objectivo. Imagino o furor que sentem algumas pessoas que têm prazer em comprar porque o comparo com o prazer que eu tenho em respirar.
Stress, tristeza, desilusão, decepção. A solução é comprar.
Stress, tristeza, desilusão, decepção. A solução é respirar.