Tróia
Esta foto foi tirada neste Verão na Caldeira de Tróia: uma entrada de água do estuário pela terra dentro, aves, peixes, lodo com ilhotas de gramata e morrão como acontece num sapal.
Atrás ficou o cais que segue em acelerado ritmo de mudança, uma marina para barcos, dizem. Os novos donos foram atenciosos com os caminhantes e não fora ser Domingo teríamos junto de nós um biólogo e um arqueólogo para acompanhar a caminhada.
Brevemente olharemos a paisagem de longe, brevemente seremos expulsos do paraíso. Nada de novo num mundo velho que se reconstrói a cada momento.
E pois a nau no mar,
Assestamos a quilha contra as vagas
E frente ao mar divino içamos vela
No mastro sobre aquela nave escura,
Levamos as ovelhas a bordo e
Nossos corpos também no pranto aflito,
E ventos vindos da popa nos
Impeliam adiante, velas cheias,
Por artificio de Circe,
A deusa benecomata.
Ezra Pound, Os Cantos
(Agora vou)
Ás vezes o amor chega sobreposto em camadas. Na camada mais profunda fica escondida a esperança longínqua, depois a meio o possível, à superfície o visível.
Gosto de observar e intuir amores cruzados. Há-os por essa blogosfera fora. Como na vida. Feitos de cumplicidades, desesperos, esperanças.
Humanos, simplesmente, humanos.
Rembrandt van Rijn
detail: A Landscape with Farm Buildings among Trees, c. 1650/1655