O vento, ao vir de longe para a cidade, traz-lhe prendas inesperadas, de que se dão conta só algumas raras almas sensíveis como os asmáticos dos fenos, que espirram devido ao pólen de outras terras.
Italo Calvino, Marcovaldo, estórias, Editorial teorema.
Começa assim o novo livro que me ofereci. Desde as Cidades Invisíveis leio Calvino em cada inicio de Verão como um ritual de repouso, de sorriso, de relaxe. Enfrento cada nova história com o sorriso do inverno que passou, a prova de neve, mais uma na minha história pessoal. Ano encerrado, sorriso pendente, estrelas no céu e água na Ribeira.
A minorca dorme com 3 peluches: dois cães e este monstro.... uma paixão!
Nas concepções míticas arcaicas existem épocas do na em que se abre o "mundus" e as energias do caos são libertadas. Benéficas ou maléficas, estas eclodem, então num frenesim de dominância, povoando águas, terras e ares! São tempos em que ocorrem cortes temporais, em que se assiste não só à cessação efectiva de um intervalo de tempo e de inicio de outro como, igualmente, à abolição do ano e do período de tempos decorridos. ( )
(...)este é um período especialmente propício às manifestações das potências do limbo, aproveitando precisamente esse hiato temporal em que, mais do que qualquer outro, imperavam a desordem e os caos. E dele hão-de beber, tanto as sacrossantas noites de Natal e Ano Novo como a prodigiosa noite de São João.
Aurélio Lopes, A face do Caos, 2000, edição de autor e Garrido Artes Gráficas
Ou seja, na noite de S. João, saltem a fogueira e pensem na subversão.
Edgar Degas
Aqui fica um post para quem me visita buscando a imagem da bailarina que publiquei em 31 de dezembro último... agora ficam com várias pinturas de Degas que tão bem retratou a Bailarina...
Dancem!
Fui ensinada a obedecer e a receber o doce por cada habilidade nova. Durante anos entretive-me a receber doces. Empanturrei-me de doces. Paralelamente fugia dessa mundo pela leitura. Talvez não fugisse, talvez alargasse ainda mais a minha dose de alienação. Devorava livros: clássicos e light, aventuras e tratados de psicologia, contos e romances, o discurso do método a par com os livros da Bianca, na colecção para meninas. Em todos encontrava heróis e era nesse mundo de heróis que vivia. Depois fartei-me e deixei de comer doces e deixei de ler. Aterrei no planeta e acordei para a socialização. Aprendi a gostar das pessoas. Aprendi a amar os defeitos e a entusiasmar-me com os progressos alheios.
Agora sou extremamente selectiva nas leituras que faço. Leio quem me entusiasma não só pelo que escreve mas também pela vitalidade e dose de sonho que deixa transparecer. Afasto-me de quem destila arrogância e magoam-me as pessoas pessismistas e negativas. A vida é bastante simples. Há que amar a vida e sorrir pelos pequenos grandes milagres que nos surgem todos os dias. Não durmo. Estou absolutamente desperta para a vida nas suas mais pequenas manifestações. Haja sorriso.