Sábado, 1 de Março de 2008
Sorrisos cristalinos 2
Hoje a minorca sugere-me que fale sobre meios de comunicação: do telemóvel à televisão, do rádio ao jornal.
Fui alheia aos meios de comunicação durante muito tempo: nunca tremi por causa de uma noticia e nunca me interessei a sério pela actualidade. Os livros, as histórias e os cenários qe os livros criavam bastaram-me durante muito tempo. Talvez por isso a comunicação nunca tenho sido uma competência que tenha desenvolvido. Alheia ao mundo, sabendo dele pelos livros, construindo realidades alternativas, sempre assim vivi.
Talvez por isso agora me descubra a absorver a novidade pela primeira vez com algum impacto. De há uns meses para cá sigo as notícias com curiosidade, critica e distância. Descubro manipulações óbvias entre o que aparece e a realidade que eu vivo, vejo a novidade na ciência com alguma dúvida, leio artigos leves e assusto-me com a dimensão ligth. Então é assim que se comunica? Com distorções e leveza? Então os meios tradicionais comunicam com brincadeiras idênticas a um blog como este que assumidamente é uma brincadeira de crianças?
È um mundo estranho este da comunicação: como se a palavra escrita sofresse a metamorfose da simulação que nos leva a tolerar viver em sociedade.A verdade anda algures por aí. Escondida.
De pleno acordo.
É por isso que as vezes prefiro
vomitar à engolir,
escrever certas coisas à ler outras...
De
wood a 4 de Março de 2008 às 16:26
Como se diz: «a cada um a sua verdade» (ou como se deve dizer: «a cada um a sua palavra»). E os meios de comunicação evoluem ao longo dos tempos, mas nada acrescentam ao que se faz com eles. A palavra procurou, antes de mais, representar o mundo. Depois a palavra apaixonou-se pela velocidade, e é aí que situamos o domínio da tecnologia. A palavra é veloz, e essa é a sua característica principal: já as mensagens com bandeiras ao longo da Grande Muralha da China corriam mais depressa que um guerreiro a cavalo. (Nem sempre as palavras precisam de ser ouvidas, também podem ser vistas: ainda hoje os escuteiros aprendem sinais de bandeiras como Código Morse). Mas a televisão, o telefone, o telemóvel, o mail vieram impor mensagens mais breves. É por causa do domínio da televisão ou dos tempos de antena que os polítólogos dizem que «o tempo dos grandes tribunos acabou». Vivemos a golpes, diz um poema. Falamos por golpes, à pressa, por segmentos de tempo que são conquistas por sobre as rotinas do trabalho. Mas cada vez falamos menos sem ser dos temas dominantes: trabalho e desporto, férias (reduzidas a viagens onde o importante é ter ido, e dizer onde se foi) e carros de corrida - enfim, já lá vai o tempo dos cavalos. Que, por acaso, também levavam mensagens. E dos pombos-correio. Hoje quer-se tudo à pressa (até os comboios).
Comentário 5:
;)
Não que tenha relação com o teu post, mas deixo-te o Nach Neuen Meeren, "Para Novos Mares", que Paulo Quintela traduziu assim:
Para lá - quero eu ir; e em mim
E nos meus pulsos confio.
Aberto o mar, para o azul
Vara de Génova o meu navio.
Tudo novo e mais novo aos olhos brilha,
Por sobre Espaço e Tempo o Meio-Dia dorme -:
Só o teu olhar, ó Infinidade!,
Olha pra mim, enorme!
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